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Você é daqueles que vivem em busca de aprovação? Se esforçando para ser aceito? Renunciando ao poder sobre si para agradar os outros?
Não se preocupe meu amigo, você não é o único! Poucos conseguem se libertar dos condicionamentos que impõem esse tipo de escravidão e raros são aqueles que não se preocupam em lustrar o próprio personagem em busca de aprovações.
Esse comportamento distorcido gera aquilo que se convencionou chamar-se de vaidade. A vaidade é um vício mental, um hábito profundamente arraigado na alma, algo que cega o indivíduo a ponto de torná-lo dependente do meio em que vive, portanto, faz parte do nosso estágio ainda primitivo.
Quase todo mundo acaba sendo vitimado por traços de vaidade, em maior ou menor grau, todos acabam se orientando por esse tipo de impulso. Toda a estrutura social, econômica, política e cultural foi concebida a partir desse modelo, afinal, o mundo é apenas uma reprodução dos valores e conceitos humanos, o mundo é uma criação nossa e todas as esferas de relacionamento estão contaminadas por regras, normas, estatutos e cartilhas que contemplam uma total rendição a essa deusa.
Na verdade, a vaidade está muito além da preocupação prosaica com espelho, pois é uma inclinação destrutiva que insiste em nos conduzir ao abismo. É um estado de encantamento com um mundo que conspira constantemente contra o nosso despertar.
Representa uma porta larga, de fácil acesso, revelando um caminho bastante sedutor. O problema é que não percebemos que esse caminho está nos conduzindo na direção contrária da nossa realização espiritual, pois vivemos na hipnose absurda da paisagem e não conseguimos voltar os olhos para si.
Sei que é difícil concordar com os impositivos do Universo, aceitar aquilo que somos, deixar de idealizar um personagem que julgamos ser o mais adequado para ser aceito, na verdade, tudo seria mais fácil se não nos norteássemos por modelos preestabelecidos de perfeição e beleza e se não condicionássemos a nossa realização pessoal aos protótipos de felicidade apresentados pelo mundo.
A felicidade é um estado do ser e não uma conjunção de fatores externos favoráveis. Ser feliz é ser você! Ninguém conseguirá alcançar a paz na condição de um androide programado por conceitos e valores mundanos e adaptado para funcionar em sistemas criados para nos escravizar.
As tradições são estúpidas, vazias, inconsistentes, no entanto, conseguem impor-se pela força do consenso e enquanto vivermos no automático, cumprindo “obrigações” culturais e religiosas, nossa vida continuará sendo uma vida de normas e regras, ou seja, continuaremos “normais” e nada “naturais”.
Existem, portanto, dois caminhos: o caminho do mundo (Mamon) e o caminho interior (Deus). Entendem agora porque não podemos servir aos dois senhores?
É o momento de fazermos uma escolha. Precisamos decidir se vamos continuar vivendo na Matrix ou se vamos acordar. Enquanto buscarmos a realização do ego, do personagem criado para viver nesse mundo, continuaremos presos à Roda de Samsara, sofrendo e criando mais sofrimentos, pois esse personagem é uma ficção. É preciso aprovar-se, aceitar-se, buscar uma intimidade maior com a própria realidade, fugir desses condicionamentos e negar a dor que surge em função das inadequações mundanas. Somos divinos, estamos prontos, nossa essência tem sido cutucada pela dor a muito tempo, não podemos viver eternamente na ilusão.
É preciso ter coragem de ser você.