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Quem não quer viver em paz? Todos nós, isso faz parte do senso comum, ninguém quer viver pressionado por problemas, preocupado, ansioso ou muito menos abatido pelo desânimo.
A paz é o objeto de desejo natural do ser humano, todas as nossas ações estão voltadas para conquistá-la, por mais distintos que sejam os caminhos de cada um, o centro de convergência é o mesmo.
O grande equívoco é pensarmos a paz como um troféu, alguma premiação justa para aqueles que foram heróis e enfrentaram os desafios impostos pela vida. Pensando assim, ela se transforma em algo abstrato, difícil, como se fizesse parte de uma missão, um velo de ouro a ser conquistado, como se fosse algo reservado apenas aos argonautas vencedores e não é bem assim.
Não conseguimos ainda entender que estamos errados, que o arquétipo do herói que nos impulsiona apenas atrapalha o processo, não percebemos que a vida não é uma luta, a vida é feita de entrega, aceitação e deveria transcorrer através de uma rendição incondicional ao Universo. Tudo que precisa ser feito pelo nosso melhor já está em curso, estamos aqui apenas como testemunhas. Lembre-se do que Cristo disse à Herodes: “Não nasci nem vim a esse mundo senão para dar testemunho da Verdade”. É isso, estamos aqui apenas para testemunhar a ação que se desenvolve em prol do nosso avanço, o problema é que lutamos contra esse mecanismo educativo, queremos ser heróis, queremos combater as injunções cósmicas que nos conduzem e o resultado é tenso e sofrido.
A paz jamais será alcançada pensando dessa triste forma, não existe tal prêmio, mesmo que consigamos conquistar o mundo, jamais estaremos em paz, mesmo que busquemos em todos os cantos do mundo um ambiente adequado para que ela se manifeste, isso não irá ocorrer.
O Beatle “John Lennon” costumava dizer: “Estive em todos os lugares do mundo e só me encontrei em mim mesmo”, é isso, a paz está dentro de seu próprio ser. Não existe um lugar que possa deixá-lo em paz, nem aquele mais paradisíaco, isso é ilusão. Pessoas perdem a vida e gastam fortunas em pacotes turísticos, aventuras, experiências vãs e não entendem a ineficiência desse caminho, aliás, esse é o grande equívoco, pois a paz não é uma conquista, uma graduação. Gandhi nos ensina que não há caminho para a paz, a paz é o caminho e não poderia ser mais claro, querer mudar o mundo sem mudar a sua visão para uma visão mais pacifista é um equívoco.
O que nos impede de estarmos em paz? Muitas coisas, mas todas elas encontram-se nos refolhos da alma, são padrões, condicionamentos e modelos construídos pelo nosso programa de crenças. Será preciso um encontro com a própria essência, olhar para si, ficar mais íntimo do seu mundo interior. Uma vez consciente de tudo isso, começar uma reprogramação, esvaziar-se de todo esse monturo fazendo novas afirmações e, principalmente, aplicando-se o autoperdão.
Só o amor poderá nos trazer a paz, o amor por si mesmo e consequentemente o amor pelo próximo. Quando nos aprovamos, nos aceitamos, nos compreendemos e principalmente, nos perdoamos, nossa frequência vibratória se eleva e começamos a sintonizar com as faixas do Bem Estar.
As preocupações e ansiedades são filhas dos nossos desejos, os desejos existem por existirem as dores, as dores existem por culpa das crenças, as crenças se instalam em função das experiências. Essa aritmética parece complicada, mas convido o leitor a fazer uma profunda reflexão em torno dela.
O genial “Gilberto Gil” está errado quando diz “a paz invadiu o meu coração”, Gil pode tudo, é um poeta extraordinário, mas paz não pode invadir nada, não pode porque simplesmente já está lá, nós é que não conseguimos percebê-la, justamente por não nos conhecermos.